quinta-feira, 10 de março de 2011

DEPOIS DE 11 ANOS...

Eu tinha 11 anos, fazia a 4ª série. Não me lembro de como, nem quando, mas o conheci e nos tornamos bons amigos. Estudávamos juntos, por conta disso, fazíamos trabalho juntos, sempre passava na casa dele quando era pra irmos para a educação física, eu almoçava na casa dele, eu era amigo dos pais deles e me sentia muito a vontade em sua casa.

Me lembro dos biscoitos que comíamos enquanto cortávamos as figuras de revistas ou jornais para colar no cartaz, da coleção de petecas guardadas em um “galão”, da TV que ao ser ligada mostrava um recado que foi digitado antes mesmo de ser desligada – ele deixava recado sempre que saía de casa, pro seus pais lerem quando chegasse e ligasse a TV –, da revista PlayBoy da Feiticeira que ele pegava emprestado dos amigos, dos murros que eu levava, do almoço gostoso feito pela empregada/babá dele (eu ri aqui), da nota de um real que estava rasgada e que o pai dele trocou no banco pra mim, do “encobrimento” que tínhamos um para os outros...

O que eu pensava que ia ser pelos anos seguintes, não foi. No final do ano de 2001, ele me disse que iria embora. Não me lembro do motivo, mas sabia que frequentemente seus pais viajavam para Caxias. Confesso, nesse dia fiquei muito triste, pois não pensava em mais ninguém que pudesse completar a minha rotina de molecagem. Todo aquele riso que eu dava, naquele dia se fechou. Fiquei triste, porém não chorei e nem demostrei o que se passava.

Encarei tudo, aproveitei os últimos dias e ri bastante junto dele e meus outros amigos da escola. Até que na série seguinte, tive que procurar um outro amigo.

Anos se passaram, perdemos o contato e nunca mais nos falamos. A ultima vez que fui à Caxias, por pura coincidência, andando pelo centro com a Neta, encontrei a mãe dele na rua. Ela me conheceu de imediato, e eu a ela. Falamos por poucos minutos e em poucas frases perguntei sobre ele. Ela me disse que ele estava na casa da tia dele, e por pura empolgação, só disse para que ela dissesse a ele que eu estava na cidade. Fui burro, pois teria que dizer mais ou menos onde eu estava pra ele poder ir lá, ou o mais certo, perguntar onde eles moravam pra eu ir lá.

Se passaram mais anos, eu, então, sem nada o que fazer, procurei ele no Orkut, mas sem sucesso. Na semana seguinte, não sei como isso foi acontecer, não sei se coincidência ou ironia do destino mesmo, ele me adicionou. Claro, fiquei muito feliz e tava explicado o motivo de eu nunca ter achado ele: o nome e sobre nome dele estavam enfeitados com aquelas “letras-símbolo”, sabe.

Conversamos, desde então até hoje pelo MSN e, pude ver muitas mudanças, tanto ao que diz respeito ao amadurecimento, quando ao físico. Eu via as fotos dele e observava o quando ficamos velhos, que o tempo passou. Que aquele menino magrinho da 4ª série já estava um homão, que tudo tinha mudado e eu nem tinha percebido, só tinha me tocado naquela hora.

Há umas semanas que ele me disse que achava que viria à minha cidade passar o carnaval e eu duvidando, acabei nem me importando tanto, pois ele demostrava muita dificuldade. Até que antes de ontem, quando tinha acabado de sair do trabalho, de meio-dia, a caminho de um mercado, ele passa de carro e grita o meu nome. Eu, sem saber ainda quem era, olhei e o cumprimentei com a cabeça. Não tinha me tocado que era ele, até quando passaram uns dois segundos e o meu pensamento processou rápido. Ainda naquela duvida, olhei pra trás e ele tinha estacionado o carro. Saiu de dentro, sorriu e me cumprimentou com um aperto de mão e um abraço.

Eu fiquei besta, as fotos que eu tinha visto dele eram só fotos, pois ele estava o mesmo, do mesmo jeito. Vi um pouco de espanto quando ele olhou pra mim, mas pode ser que isso só foi impressão minha, já que estou acostumado a todos que há tempo não me veem, observarem a minha barba e se surpreenderem. Conversamos em menos de um minuto, ele perguntou onde eu morava e mostrei. Pediu também uma informação, pois não se lembrava de mais nada da cidade. Também, 11 anos não são 11 dias.

Enfim, ver o Matheus, me trouxe uma nostalgia boa, muito boa. Por esse motivo, quis registrar aqui.

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