sábado, 29 de maio de 2021

VACINADO (D1)

Há algumas semanas, funcionários que trabalham na educação foram liberados para serem vacinados. Desde essa aprovação fiquei muito ansioso pra que o meu dia chegasse, mas não esperava que seria tão logo.

Ontem à tarde, no meio de uma colação de grau no meu trabalho, descobri que eu seria o próximo a ser vacinado. Eu já estava feliz pelo fato de ter enviado o TCC finalizado para a orientadora verificar se precisa fazer algumas alterações, e essa notícia veio pra acrescentar mais ainda.

Não consegui dormir de ontem pra hoje por tamanha ansiedade.

Hoje, acordei umas 6h e, antes de 8h, fui ao Posto de Saúde próximo da minha casa, conforme me foi acordado. Já tinha deixado tudo pronto: os documentos, a roupa... Fui só a padaria antes comprar algo pra comer por medo de ter que aguardar muitas horas na fila e acabar passando mal.

Quando cheguei, a fila já estava feita. Não lembro exatamente o horário, mas era um pouquinho mais de 7h30. De longe, avistei uma amiga, a Mazé, e ali conversamos um pouco, até tentei combinar pra ela, se fosse possível, tirar minha foto. Ela estava na fila umas 7 pessoas a frente de mim. E, sem muita demora, já foram entrando para serem vacinados.

O sol esquentava muito e como eu estava de preto, comecei a suar. Como uso barba, minha máscara começou a molhar também, mas deu tudo certo.

Relatei um pouco no celular enquanto a fila andava:

07h32: Cheguei no posto e já tinha uma fila considerável. Encontrei uma amiga que disse que tava muito ansiosa, mas não queria chegar mais cedo pra não demonstrar essa ansiedade. O posto abre às 8h.

07h57: Acabaram de atender a primeira pessoa e a fila começou a andar. O meu coração quase saindo pela boca já. HAHAHA

08h04: Primeiro estão dando prioridade aos que não são da educação. Acredito que os próximos serão nós. A organização está sendo feita de 10 em 10 pessoas para enfrentar uma segunda fila dentro do posto. Tô torrando no sol.

08h06: Tava demorando pra acontecer um barraco na fila. Quando tô numa fila a minha falta de paciência não é nem pra espera em si, mas por reclamações e barraco. Climão aqui e eu continuo torrando no sol.

08h15: Serei o próximo a entrar para a segunda fila.

Fui bem atendido e pedi pra uma técnica tirar minha foto. Expliquei direitinho o disparo contínuo da câmera do celular e ela fez, tirando exatas 170 fotos. De todas elas, me agradei mais dessa:


E foi isso! Primeira dose check! 😁

Estou bem feliz por isso, mas sem disposição agora porque acho que a vacina (AstraZeneca) me causou algum efeito. Estou com o corpo mole, meio febril, sei lá. Não sei se porque não dormi direito ou porque realmente é efeito dela.

Enfim, é isso! 🧔🏻💉✅🐊

#ForaBolsonaro #VacinaSalva #VivaoSus #VacinaSim

sábado, 15 de maio de 2021

AUGUSTO

Conheci o Augusto em 2014. Na época, era febre a linha de smartphones da Nokia e nas redes sociais nos encontramos e trocamos várias experiências quanto ao uso deles. Em várias trocas de mensagens, fomos pro whatsapp e com o tempo nos tornamos muito amigos. Os assuntos referentes aos celulares foi deixado um pouco de lado e, comigo, ele dividia os problemas e algumas situações difíceis que estava passando em sua vida. Eu entendia a pressão que o Augusto recebia na época e eu tentava direcionar ele da forma certa, mesmo não conhecendo totalmente a sua cultura, personalidade e realidade. De uma coisa eu tinha certeza: Augusto era um menino bom, uma pessoa que não tinha um pingo de maldade no coração e cheio de propósitos. Isso era um dos motivos da minha vontade de ficar próximo dele.

Em 2015, depois de muita conversa e insistência, Augusto me convenceu a ir visitá-lo em Goiânia. Não sei como venci a essa insistência por, na época, ser medroso, inseguro, nunca ter viajado de avião e sequer saído do nordeste... Incrível como eu cai na lábia dele, sendo que ele era do mesmo jeito e nunca tinha feito nada em questão - rs. Lembro que toda essa experiência relatei AQUI e, inclusive, dias atrás, estava lendo os posts.

Em agosto do mesmo ano, fui me desafiando a tudo. Estava sozinho, mas tentando ser seguro do que "estudei" durante os meses anteriores e com medo de me decepcionar, de me sentir mais sozinho ainda. Pelo contrário, me senti abraçado!

Aquele dia foi muito cansativo. Fiquei sem dormir por estar com ansiedade antes de pegar o voo, esperei demais e caminhei mais ainda por dentro do aeroporto enorme de Brasília. Tudo era novo pra mim e eu ficava maravilhado com todas aquelas pessoas que tinham um mesmo propósito, que seria chegar a seu destino.

Naquele aperreio, cheguei em Goiânia com medo de não ser recebido por ninguém e ficar esperando ali, no meio daquele monte de gente. Foi aí que o Augusto me viu de costas, pegou no meu ombro e soltou com seu sotaque com bastante érre: "E aí, meRRmão!". Nos abraçamos rápido e pedi pra que ele me tirasse dali. Ele estava muito tranquilo e não parava de rir, e eu morrendo de vergonha e agoniado pra comer, tomar banho e descansar.

Nem parecia que a gente estava se conhecendo naquele momento. Ele parecia um amigo de longas datas, eu não me privei de dizer nada, nem de ser eu, embora estivesse morto de cansado. Ele estava muito empolgado, queria me levar pra todo canto naquele horário do almoço dele. Fomos almoçar, depois ele me levou pra faculdade, mas não sai do carro. Ali, apaguei. Só despertei quando ouvi ele batendo a porta do carro ao entrar.

E vivi dias incríveis com ele. Saímos algumas vezes e conheci o Breno e Alexandre, que também são de Goiânia e que até então também só conhecia pela internet. Nessa brincadeira de conhecer as pessoas, fomos até escondido pra Uberlândia pra conhecer a Tassya. Foi muito bom!!!


Também tive a oportunidade de muitos meses depois receber ele aqui no nordeste. Ele foi para o litoral do PI com a família, mas eu quis que ele viesse pra capital, Teresina, me encontrar. Pedro, Dalton e eu recebemos ele super bem. Levamos ele pra todos os cantos e jamais vou esquecer dele banhado de suor, por nunca ter sentido o calor daqui - rs. Eu fiz tudo isso pra compensar toda minha gratidão por toda a atenção e dedicação que ele teve comigo quando estive em sua cidade.


Hoje, dia de seu aniversário, recebi logo cedo a notícia de sua partida. É bom lembrar de coisas boas, mas hoje o dia não será o mesmo. Hoje seria um dia de comemorar, de mandar áudio, mensagem e, quem sabe, até postar foto de zoeira nas redes sociais, mas, não, tenho que me manter contido. Nunca imaginei que fosse perder um amigo da minha vida, ainda mais por conta desse vírus que tanto me amedronta. Quando soube de seu estado semanas atrás, todos os dias quando lembrava, pedia a Deus para que o mantivesse vivo, que houvesse um jeito dele me ligar, mandar mensagem... Por algumas vezes, até via seu visto por último na esperança de que ele pudesse ter acesso ao celular. Mas, não! A partir de hoje o silêncio dele poderia ser pra sempre, eu não vou deixar! Guardarei todos os seus áudios e suas mensagens, assim como as fotos e vídeos que fizemos juntos.

Hoje perco um grande amigo, uma pessoa boa, uma pessoa que a vida e a internet me deu, que foi o pontapé inicial para que eu criasse coragem, perdesse alguns medos e me desafiasse sempre. Vou guardar sempre as lembranças boas. Vou lembrar de tudo mesmo!

Eu pensei que não iria chorar por não convivermos juntos, por estarmos distantes, mas estou aqui sem conter as lágrimas enquanto digito este post. Isso é a prova do sentimento de amizade forte que tivemos e que, sim, Augusto teve um propósito na minha vida, assim como eu tive na dele.

Agora, preciso criar força pra seguir e orar para que sua mãe – que fazia um milho maravilhoso no almoço –, seu pai – que sempre foi batalhador e bem humorado – e sua irmã tenham um conforto. É uma dor que se perpetuará pra sempre, mas Deus está em nosso comando.

Eu tô sentindo muito, muito mesmo agora, nunca vamos nos acostumar com a dor da perda.

Obrigado, Augusto! Obrigado por tudo!

🖤😢