domingo, 13 de março de 2022

AQUARELE-SE

Conheci a aquarela no ano passado em uma dessas aventuras que a vida propõe em dar. 😁

No meio da pandemia fiz um amigo da forma mais inusitada e num lugar mais inusitado ainda. Isso acarretou em uma amizade que levo até hoje, mesmo, atualmente, com a distância. Em sua companhia, conheci um pouco mais da arte. Em todos os dias que nos encontramos à noite, compartilhávamos alguma coisa sobre e percebíamos que tínhamos muito em comum. Aprendemos sozinhos que arte não se resume só em tinta, mas em cor, em dobraduras, em fotos, em filtros, em filmes, em séries, em se expressar... em tudo!

Todos os dias em que nos encontrávamos tentávamos fazer coisas diferentes, além de, também, comer coisas diferentes. Na verdade, eu sempre comia umas coisas que ele cozinhava e nunca tinha comido, e isso meio que me deixava feliz, ainda que em algumas outras coisas eu ficasse bem duvidoso - rs.

Em um dos dias, ele me mostrou uma aquarela. Na verdade, eu já tinha visto sem ele me mostrar enquanto estava na sua mesa, mas aquilo não me despertava nenhuma curiosidade até o momento em que ele começou, do nada, a usar. Me encantei!!! O formato diferente dos pelos do pincel, a forma como eles absorviam a água e quando tocado na "tinta em barra", depois transferida pro papel era como mágica. Achei lindo aquilo, a água com tinta sobre o papel, fazendo um degradê de forma automática enquanto escorria... Aquilo me hipnotizava. 😵

Não demorou muito pro André me mostrar como se fazia, ainda que confessando que não gostava muito de usar. Aí foi a minha vez de tentar. Não lembro exatamente como foram os meus primeiros rabiscos, mas sentir a maciez do papel não me deixava querer parar. Aquilo meio que me despertou algo que nem sei como descrever aqui, somente consigo descrever a certeza de que quando me sentisse pronto, faria algo de verdade com aquilo.

Dias depois, antes imaginando mil coisas na cabeça, no AP dele, enquanto ele assistia AHS: Roanoke ~ se não me engano ~, pedi permissão para usar o seu caderno e suas tintas da aquarela. Com um "Se joga!" dele, já em mente do que iria fazer, comecei a pegar o branco e o preto, separar, misturar, o que resultou no Joaquin, o seu pet:


Senti muito orgulho de mim naquela hora e não via a hora do André virar a cadeira e olhar o que eu tinha feito. Ansioso, no meio do que ele estava assistindo, o interrompi, ele deu pausa, olhou e não escondeu a sua surpresa seguindo do que sempre falava: "Você é um artista e está perdendo dinheiro!". Na verdade, nunca me senti um artista, só gosto mesmo de mexer em tinta, em cor, em criar... Isso vem de mim desde pequeno. Talvez essa minha vontade amadureceu mais hoje em dia devido ao ace$$o que tive dos produtos, pois naquela época os meus pais não tinham condições de me dar sequer uma bic vermelha.

Em setembro do ano passado, antes de André voltar a sua cidade, preparando e organizando a mudança, ganhei coisinhas que jamais pensei em ganhar. Ele me deu várias tinhas de tecido (que também são usadas nas telas), pincéis de aquarela junto com um recipiente onde eu colocaria água ou poderia fazer mistura de cores, eu não sei exatamente como chama aquilo. Guardei tudo com muito carinho e esperei chegar o dia que eu pudesse novamente brincar.

No mês passado o encontrei em Teresina. Os nossos encontros desde quando nos conhecemos são sempre bem rápidos, de poucas horas e cheios de coisas pra conversar e comentar. Nesse último encontro, novamente em uma de suas mudanças, ganhei o que mais queria: a aquarela!!! 🎨 De quebra, ainda ganhei o caderno com pouquinhas folhas para serem usadas. Eu fiquei tão feliz em ganhar aquilo! 🥰

No post anterior fiz uma lista, lembram? A primeira coisa que escrevi foi pintar usando aquarela. Muito antes do dia de hoje, cumpri com tudo que listei lá, faltando apenas essa bendita aquarela. A minha ansiedade era grande, mas eu queria ter o momento certo pra fazer aquilo. Um momento onde estivesse bem mentalmente, porque as últimas semanas foram horríveis no trabalho; e também que eu estivesse calmo, sozinho e em silêncio. Por algumas vezes achei que esse momento poderia ser em uma madrugada do final de semana, mas algo raro aconteceu ontem e hoje à tarde: fiquei sozinho. 😌

Em busca de alguma inspiração, coloquei um episódio qualquer de Hey Arnold! no YouTube e fiquei pensando até ter uma ideia. A ideia chegou em um momento do episódio em que tinham vários personagens que estavam juntos para fazer uma surpresa pra Arnold. Pausei. Fiquei olhando o formato das cabeças, dos olhos, as roupas, as cores, até que comecei a fazer um rascunho sem tanto trabalho. Peguei um olho dali, uma roupa daqui, uma expressão dali... E o resultado foi esse personagem:




Eu fiquei apaixonado com o resultado que tive, porém me incomodou um pouco os errinhos que fiz e acho que quem viu nem percebeu. ~ E não será eu que vou apontar esses erros agora, né!? - rs. Eu amei o fundo que criei com a mistura de vermelho, laranja e amarelo. Quando comecei a fazer achei que ia c*gar o desenho, mas senti que deu um up nele. Por mais que eu ame fundos neutros ou brancos, fazer esse jogo de tintas foi legal, me diverti. Algo que deixou fugir um pouco foi o contorno grosso. Por mais que tenha buscado a caneta com a ponta mais fina, ficou dessa forma. Numa próxima, vou usar caneta em gel.

Horas depois, olhando mais algumas técnicas no Youtube, decidi dividir uma folha em três partes usando uma fita que havia comprado dias atrás pra um outro trabalho. Dividi tudo certinho e comecei a fazer alguns estilos de céu. Eu não copiei de nenhum lugar, só imaginei as cores que eu gosto de ver no céu e o encantamento que elas me trazem:

1- Um céu azul clarinho com poucas nuvens brancas que se perdem nele;
2- Um céu à noite com nuvens aparentes sendo vistas da janela de um avião;
3- Um céu sendo visto de longe, cobrindo montanhas - confesso que foi o que eu menos gostei;
4- E um céu com uma mistura de azul, rosa e laranja em degradê o o meu preferido.  


Hoje à tarde, sozinho novamente, tomei banho, comi alguma coisinha e dessa vez pesquisei no YouTube algumas técnicas que eu poderia usar. Eu amo o degradê e um pouco do 3D. Não que seja aquele 3D exagerado, robotizado, de filme, como a gente vê por aí, mas aquela coisa bem sutil, que a gente percebe o começo, meio e fim. E foi aí que comecei a usar essas técnicas.






Eu amo o azul, ele me traz uma calma que não sei explicar. Juntou o fato de sentir o pincel bem macio no papel, mais ver a cor surgindo e depois a imagem tomando forma... Como eu queria ver esse lugar real. Juro, eu me imaginei ali, no frio que a imagem passava, bem "empacotado" e admirado com tudo o que via. Por um momento, imaginei também alguns pássaros passando, com um canto que só eles têm, mas decidi não expressar ali para não correr o risco de estragar o que já estava bonito.

Esperei secar, assinei, dei um nome ao quadro e guardei o caderno.

Não sei quando voltarei a pintar novamente, afinal, agora só me restam poucas folhas, o que me torna limitado, ao tempo que terei que ter a certeza pra começar mais uma vez.

Volto depois por aqui.
Até! 😗

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