A cidade inteira já deve estar sabendo. No entanto, quem já sabe e ler essa postagem não irá se surpreender (ou vai?). Vou contar o meu lado nessa história primeiro:
Eu estava na calçada da casa da Jaqueline. Tinha acabado de chegar lá e engatamos em um papo. Conversa vai, conversa vem, observamos que do outro lado da rua (lado oposto a minha casa) estavam se juntando muitas pessoas. Suspeitei que tivesse acontecido algum acidente ou coisa do tipo e, assim, fiquei somente observando de longe enquanto a curiosidade das pessoas começava a me irritar. Não aguentava mais uma amiga do meu lado pedir pra que eu fosse lá saber o que tinha acontecido – ela acabou levando um belo não. Verdade, eu não estava muito curioso, ainda mais pensando que poderia ser acidente, não queria ver sangue.
Passado alguns segundos, passaram duas amigas de uma amiga minha que, até então, não conheço. Elas olharam pra mim e falaram: “Está acontecendo alguma coisa na porta da tua casa, vai ver lá o que é.”. E eu fiquei tranquilo, não quis ir. Insistindo, uma delas continuou: “Acabaram de chamar a tua mãe, aconteceu alguma coisa por lá.”. Mesmo assim não fui – o meu orgulho renasceu essa hora.
Vendo que o papo estava chato, resolvi, em poucos minutos, ir pra casa. A Jaqueline me acompanhou e quando chegamos perto das pessoas, segui meu caminho para casa e ela foi tentar dar uma olhada pra ver se conseguia algumas informações. Chegando próxima a minha casa, minha prima (que mora do lado) apareceu na porta e me perguntou o que estava acontecendo. Eu, ingênuo, fiz no ar um ponto de interrogação demonstrando que não sabia de nada.
Minha vó estava na calçada da minha casa, olhando tudo e me disse que tinha acontecido um acidente com meu irmão, Dayson. Ao ouvir essa frase, comecei a me tremer e o coração a acelerar. Tive até que sentar, pois os meus pensamentos ruins não me deixavam equilibrar. Daí eu perguntei o que aconteceu com ele, se ele se machucou e tal, e ela disse que não sabia. Fiquei muito preocupado.
Minha prima, desesperada, começou a chorar e a perguntar por ele. Entre todas as pessoas que estavam lá, a única que estava chorando e, chorando desesperadamente, era ela. Pude perceber que ela não se controlava e gritava pelo nome do meu irmão. Passaram pelos meus pensamentos confiantes, que ela estava daquele jeito por ter quase trauma de acidente, morte, sei lá: o pai dela morreu há uns anos atrás e um pouco antes, seu irmão sofreu um acidente que quase lhe custou à perna.
Com a ajuda de seu namorado, minha prima foi procurar meu irmão, que a essa altura estava desesperado. Só consegui controlar o meu tremor quando vi meu irmão, intacto, na minha frente. Fui dormir mais tranquilo nessa noite, porém ainda preocupado com o Carlos. Realmente eu estava muito preocupado com aquela situação embaraçosa.
Desde esse dia, não havia conversado com o Dayson à respeito do assunto, pois não sabia como começar a perguntar e a saber da história, já que só ouvia comentários com alguns amigos. E mesmo assim, convivendo com ele triste em todos os dias seguintes em casa, não quis desanimá-lo mais ainda lembrando. Os comentários viam aos meus ouvidos de forma diferente – e bastante exagerada. Cheguei até a ouvir que meu irmão havia morrido. Aff, vou te contar, hein!?
Hoje já está tudo bem, graças a Deus, mas mesmo assim, pedi para que meu irmão fizesse um breve texto relatando o acontecimento, que até então eu não sabia a versão dele. Nada melhor do que o próprio dono da história pra contar. Eis seu relato escrito por ele:
Há dias combinamos que iríamos beber no fim de semana na casa de um amigo do Carlos, e que a gente ia levar uma pequena quantia em dinheiro para ajudar a comprar uma grade de cerveja. Certo, tudo estava marcado e chegou o tal dia. Era 14h30 mais ou menos quando ele passa em casa e diz pra que eu me preparasse pra “BEBER”.
Apressei-me porque eu estava com muita vontade de sair de casa pra qualquer lugar. Fomos pra Pimenteiras onde era o local da festa, chegando lá começamos a beber, era muita cerveja mesmo, e uísque também. Na casa em que estávamos havia sete pessoas incluindo eu, o Carlos, e uma menina que eu conhecia já fazia um bom tempo. Então bateu uma dúvida na minha cabeça: quem iria levar a moto? Conversei a respeito do assunto com ele e falei que ia parar de beber porque um teria de levar a moto, e esse alguém ia ser eu. Ele não discutiu e topou, fiquei tranquilo porque dessa vez eu achei que ele estava falando sério. Eles beberam e beberam até que a cerveja acabou, começaram então a beber uísque até que esse também acabou, chegou à hora de ir embora. Começou o bate-boca de quem ia levar a moto, a essa altura ele já estava bêbado e sem noção do que falava; sem muita insistência eu concordei que pra não haver confusão ele ia levar a moto. Assim fizemos, ele ligou a moto, a menina subiu e eu também - sendo o último. Quando íamos embora conversamos a respeito de banhar na ponte pro cheiro da cerveja sair, já no balão pra quem sai de Pimenteiras eu falei:
- É por isso que eu boto fé no Carlos quando ele ta bêbado porque assim ele presta mais atenção!
Depois que eu falei isso todos nós sorrimos, mas eu tinha falado isso pra ele ficar mais atento ainda. Fui conversando com a menina, sendo que o Carlos estava prestando realmente atenção, e de vez em quando dava uns tapas nas suas costas dizendo pra ele olhar pra frente. Ele começou a perguntar pra menina se a gente iria mesmo banhar na ponte, foi nessa hora que ao longe já havia avistado o poste, mas que não tinha perigo de uma batida, a menina olhou pra mim e disse alguma coisa do tipo “hum... o que é que tu acha, Dayson?” foi nesse momento em que a moto foi pro acostamento e a luz da moto foi de encontro ao poste,foi quando eu gritei:
- Carlos, olha o poste!
Não deu tempo para um desvio e nos chocamos contra o poste, antes disso eu pulei e sai rolando no chão, a batida foi tão forte que um pedaço do poste cedeu. Levantei ligeiro e perguntei se estava tudo bem com eles, não obtive respostas, apenas um grito de ajuda da menina, nessa hora eu fiquei desesperado, não sabia quem ajudar, se era a menina ou se era meu amigo, acabei por decidir que seria a menina, pois ela gritava muito, ela dizia que não sentia suas pernas e que a moto estava em cima delas. Pensei que teria quebrado, e tirei rapidamente a moto, jogando ela pro lado, e deixando a menina sentada, perguntei se ela estava bem, ela respondeu que sim e que a moto tinha deixado a sua perna dormente. Agora era a vez de o Carlos ter a minha ajuda, não enxergava nada, estava muito escuro, perguntei:
- Carlos, Carlos, tu ta bem? Tu ta me ouvindo?
Ele não dizia nenhuma palavra, foi quando a menina falou que tinha um celular. Ela me deu e coloquei a luz no rosto dele. Estava sangrando muito, comecei a chorar desesperado, pensava que ele iria morrer se eu não fizesse algo, a menina estava com dor, o meu amigo não falava, eu estava em uma situação tão ruim, não sabia como me achar naquela confusão, foi então que eu disse pra menina:
- Vou pedir ajuda, você fica cuidando do Carlos.
Sai correndo de alguns metros da ponte até o posto de gasolina. Vi um casal de namorados passando, acenei e gritei pra que parassem, mas não pararam. Corri até que cheguei perto do posto vi duas pessoas na moto, eram seguranças da empresa, pedi para que parassem, eles pararam e contei a situação que eu estava passando, eles disseram que um casal já havia avisado e que a SAMU foi acionada e que eles já estavam a caminho do acidente, era o mesmo casal que não parou. Fui até o posto e disse a mesma coisa ao segurança que lá estava. Ele disse pra que eu ficasse calmo e que a situação já estava sob controle. Mesmo assim comecei a chorar e pensar como era que meus amigos estavam. Ao rádio, o segurança que havia ido prestar socorro falava que estava muito grave e que tinha que ser rápido o atendimento. Fui à casa de uma menina que por coincidência já me conhecia por eu andar de moto com o Carlos. Conversamos bastante e foi quando minha prima e um amigo meu vieram me buscar. Quando cheguei em casa meu pai e minha mãe já sabiam. Pedi pro meu pai para que fossemos no hospital saber como ele estava. Ele tinha sido levado pra Teresina, e a menina tinha saído apenas com a perna arranhada. Agora resta saber como ele está, vou saber quando eu ir pra Teresina. Espero que tudo dê certo e que ele se recupere logo.
Eu também espero que dê tudo certo com o Carlos. Embora eu nunca tenha passado por uma situação dessas com algum amigo meu – e espero não passar –, sei o quanto é difícil encarar isso. Penso que é incrível você estar com uma pessoa num dia e no outro não estar mais. De fato, tenho certeza que com essa história renderá um aprendizado para muitos: Se beber, não dirija.
Até
caaramba :L
ResponderExcluirsó fui saber de fato da historia agora .
melhoras pra ele (yn)
:*
aff! ninguem manda um recado no meu orkut avizando..só soube porq li seu blog...
ResponderExcluirmelhoras p carlos, ainda bem q naum aconteceu nada com Dhayson.
jakelinne,opa!esqce d assinar...
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