segunda-feira, 23 de agosto de 2010

NO ÔNIBUS

Obs: O texto a seguir era para ser postado na sexta-feira, dia 20, mas como viajei nesse dia em cima da hora, fiquei devendo.

Sempre que entro, me sento e observo, não só a paisagem de fora, mas de dentro também. Hoje o Felipe sentou do meu lado e conversamos um pouquinho, algo normal quando sempre sentamos no mesmo banco.

Agora eu chego onde eu quero chegar: Ao lado dele, do outro lado, estava uma menina, mulher, sei lá. Ela estava aperreada, coitada, querendo saber onde ficava a Vila Pimenteiras – detalhe: Pimenteiras toda é uma vila. Ela estava totalmente rodada, isso se podia notar olhando pra ela.

No intervalo de conversa entre o Felipe e eu, ela pergunta pra ele onde ficava a tal Vila Pimenteiras e, sem responder, o Felipe apontou pra onde achava que era. Ela, de novo, pergunta novamente e o Felipe olha pra mim e pergunta se era por ali mesmo (pra onde ele estava apontando) e eu balancei a cabeça confirmando. Enfim, o ônibus parou na fábrica, os funcionários desceram para trabalhar e ela ficou ali, perguntando para outras pessoas.

Percebi que as pessoas estavam sem paciência pra ela, de responder todas as suas perguntas óbvias – pra nós, que já sabíamos. Uma mulher até que tentou explicar, mas ela continuava a perguntar. Olhando pra essa “aperreadinha”, vi que ela tinha uma folha de caderno em mãos, escrito em letras grandes e de fôrma, tomando praticamente todo o espaço da mesma: VILA PIMENTEIRAS, 25. Confesso que nessa hora, pela situação e pelo que eu vi, deu vontade de dar risada, de rir alto, de zoar de verdade com ela, mas me segurei. Achei que aquele momento não era propício. Não quis rir mais ainda quando eu vi uma mulher no banco a minha frente rindo da outra, olhando como se soubesse de tudo, com aquele sorriso debochado.

Minutos antes, essa mulher que estava rindo, filmava não sei o que no celular e estava com um óculos rosa na cara, achando que estava sendo o máximo, se destacando em tudo. Ôh, mas eu fiquei com raiva demais quando ela olhou pra mim e riu, bem pensando que eu iria rir também pra ela, como se o seu sorriso me estimulasse a responder. Não é querendo detonar mais ela, mas quando ela riu, vi um sujinho no seu dente, uma coisinha que parecia ser uma cárie, sei lá – rs. Eu tenho tanta raiva dessas pessoas que querem ser!

Enfim, a pobre mulher aperreadinha, se revoltou pelo povo não dá a mínima pra ela e foi direto ao motorista. Ele, louco demais, explicou algumas coisinhas e deixou, acredito eu, ela mais aperreada ainda, dizendo que para voltar à cidade, teria que pagar. Agora me pergunto: cadê a paciência desse povo?

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