terça-feira, 28 de setembro de 2010

NO CORREIO

Pela manhã, depois de acordar um pouco tarde, umas 7h e pouquinho, fiquei esperando o pai vir me buscar para irmos ao trabalho juntos. Fiquei fazendo hora, liguei o Beets pra ver se passava o tempo, e com mais demora, decidi ir à padaria e depois tomar meu café.

Já ciente de que ele não iria me buscar, decidi ir ao correio, pois já faz muitos dias que o meu chefe pediu pra eu abrir uma conta no banco, para depositar a minha grana. Então, aproveitando esse tempinho livre, peguei as cópias dos documentos, a grana para pagar e me mandei pra lá.

Na rua, fiquei observando a frente do correio de longe, queria ver se tinha muita moto e muita bicicleta na calçada, caso tivesse, acho que não teria possibilidade de eu esperar, pois só tinha o ônibus de 9h pra eu pegar e ir ao trabalho.

Ao chegar à calçada, umas 8h15, pensei em nem entrar, mas vi que tinha pouca gente e que achava que daria tempo pra eu abrir a conta e sair feliz – rs. Sentei em uma das cadeiras de espera e aguardei ser chamado. Enquanto a demora ao atender as pessoas rolava, eu ficava batendo o pé e observando tudo o que se passava ao meu redor. Além disso, não parava de olhar para o meu celular, de olhar a hora, pois o tempo estipulado para a minha saída, tendo feito a conta ou não, era 9h, ou minutos antes disso.

Como fiquei calado enquanto todos conversavam, fiquei observando, entre muitas pessoas, um cara que estava conversando com um funcionário de lá. Eu já havia visto esse cara muitas vezes, ele mora no mesmo bairro onde eu trabalho, aqui em Pimenteiras (o bairro que pode ser confundido com uma cidade, pois é um pouco distante da cidade). Ele é evangélico - pude perceber nas inúmeras camisas que ele usa da igreja –, tímido e com jeito de ser nerd. Além disso, ele é simples e sempre anda com sacolas em mãos, muitas vezes com carnes e legumes.

Enfim, ele perguntou ao funcionário se já tinha chegado uma carta pra ele. Deu o nome e endereço e o funcionário foi procurar. O funcionário chegou com a carta e o entregou. Não satisfeito, esse cara disse que havia perguntado para outro funcionário, que inclusive estava do lado, se tinha chegado essa mesma carta e ele havia dito que não. E foi aí que começou a confusão. Ele começou a mostrar, diante de todos que estavam esperando ser atendido, o que ele realmente é. A imagem de bonzinho, de tímido saiu naquele momento pra mim. Fiquei impressionado, ele se alterou como se fosse outra pessoa. Os dois discutiam ironicamente até que ele foi embora.

Já quebrei a cara muitas vezes nessa vida e, pelo visto, continuo quebrando. Eu sei que esse cara estava certo, pois se fosse eu, faria do mesmo jeito sairia murcho e nem iria atrás de fazer discussão - rs. Odeio ser besta!

Depois disso, fiquei pulando de cadeira em cadeira na medida em que o povo ia sendo atendido. Eu sei que é o certo, mas eu ficava com muita raiva quando mães chegavam com crianças no colo. Achava que pegavam a criancinha da vizinha para ser atendida mais rápida, atrasando mais a minha vida. Estou falando isso porque sei de amigas que já fizeram isso para serem atendidas com mais rapidez.

Uma dessas mães chegou com uma cara ruim, mal humorada, com dois filhos: um que estava no colo dela, cuja cabeça estava ferida, vermelha, sabe lá o que tinha acontecido com ele, e uma menininha, um pouco maior que o irmão e muito tímida, daquelas que só olham para o chão.

A mãe começou a reclamar com o menorzinho, falando que ele tirava a paciência dela. Daqui a pouco, acho que impaciente por ter outra mãe com um filho no colo na sua frente, começou a procurar algo que a irritasse. Eu estava sentado, bem ao lado dela, quando, ao olhar, vi um tapa seguro na boca da menininha. Nossa! Quando disse um tapa, foi um tapa de verdade, daqueles que estrala e que só se dá em cara de adulto. Fiquei procurando saber o motivo de a mãe ter feito aquilo com a pobre criança, mas não soube.

Depois que a mulher que estava na sua frente saiu, ela começou a dizer o que queria para o funcionário, que disse que não podia ajudá-la, já que ela não tinha levado os documentos necessários. Ela ficou enrolando e a criancinha que estava no seu colo, acabou sendo o saco de pancadas. Só porque o garotinho tinha tirado a chinela do seu pé, ela virou o diabo. Colocou a criança no chão, segurando só em um braço, jogou a chinela no chão e começou a arrastar a criança de um lado para o outro, tentando mirar o seu pé na chinelinha. Não conseguindo, ela largou a criança naquele chão sujo, e quando ele ia levantando, ela deu um tapa seguro na sua cabeça. Foi um tapa forte, posso dizer que mais forte do que ela deu na boca da menininha. A criança começou a “chorargritar” e isso fez com que ela ficasse com mais raiva ainda. Sabe aquele vermelho que tinha na cabeça da criança, agora eu já tinha explicação para aquilo.

Tudo bem, eu sei que não é todos os dias que nós acordamos bem humorados, pacientes, mas é preciso tratar mal uma criança daquele jeito? Fiquei besta com tal reação, com pena e com muita raiva dessa mulher, embora pudesse bater nela só pelo pensamento. O que me deixa com mais raiva ainda é o fato de ela ter batido nas crianças no meio de todos, sem vergonha e nem pudor. Falo isso porque já levei vários tapas, da minha mãe, na boca e na frente de todos.

Espero não tratar os meus filhos dessa maneira, até porque eu vou ser o pai e não um agressor. Desde sempre sei que bater não resolve nada, só faz piorar a situação. Eu sei que conversar também pode não dar muito jeito, mas isso não depende dos pais e, sim, dos filhos também. Isso depende da personalidade deles, do caráter, em especial. Falo isso por experiência própria. Quantas vezes eu num já apanhei dos meus pais, mais isso adiantou alguma coisa? Não! Estou do mesmo jeito, mas sabendo diferenciar o certo do errado.

______________________________________________________________________

Depois do que ocorreu, fui para a parada de ônibus. Do outro lado da rua, tinha uma menina muito atraente para mim, que há tempos que a observo. A tenho em Orkut, mas nunca conversamos, infelizmente. Acho que ela nem curte muito internet e, pude perceber um dia desses, que um amigo nosso que atualiza as coisas pra ela. Enfim, ela ficou seguindo caminhando e me encarando. POHHA, fiquei impressionado comigo mesmo. Geralmente sou eu que tiro o olhar, mas fiquei demorando o tempo que deu. Fiquei mirando nos olhos dela e ela nos meus, até que ela não aguentou e me tirou a vista. Ôh lá em casa! – rs.

Nenhum comentário:

Postar um comentário