segunda-feira, 13 de setembro de 2010

MENTIRA

Quando eu era pequeno, pra me livrar de umas boas lapadas, mentia. Não só mentia pra isso, mas mentia mesmo pra não me sentir inferior, do tipo quando me perguntavam: “O que tu tomou de café da manhã hoje?”. Eu lembro também que, na 4ª série, eu dizia pra um amigo que tinha uns patins e um skate, que deixava sempre guardado debaixo da cama. Eu mentia exageradamente, dizia que ficava na madrugada pelas ruas descendo umas ladeiras; dizia que fazia pirueta e tal, mas tudo isso não passava de um sonho meu, pois sequer sabia como me equilibrar naquilo.

Dias se passaram e esse meu amigo foi em minha casa. Chegando lá, ele foi direto ao meu quarto, olhando por debaixo da cama (que na época era beliche). Ao olhar, ele viu vários bagulhos, mas queria encontrar os benditos patins. Eu, sacando o que ele queria, disse que minha prima deveria ter pegado ele antes, que já tinha me pedido há vários dias, mas eu nunca deixei, daí eu achava que ela tinha pegado escondido. Fiquei fazendo a maior ceninha dizendo pra ele que quando a encontrasse iria brigar muito com ela, pois ela tinha pegado nas minhas coisas sem permissão.

Desse dia em diante, esse meu amigo ficou me chamando de mentiroso, que eu não tinha patins coisa nenhuma e que estava desdobrando. Mesmo eu sempre afirmando, dizendo que tinha sim, ele sempre duvidava, e acabei com fama de mentiroso por conta disso. Tive que aguentar por uns meses esse rótulo, mas passou rápido.

Ao crescer, percebi que a verdade, mesmo que prejudique, magoe, é sempre boa. Aprendi que mentir em besteira – e em coisa séria também – nem sempre é favorável. Até que trás uma autoestima, uma superioridade, mas e quando é descoberta? Parece uma frase besta, mas ela sempre me faz refletir: mentira tem perna curta. E pior que tem. Podem ver, qual a mentira que nunca foi descoberta? Pode demorar semanas, meses, anos, décadas, séculos, ou, até mesmo, a vida toda, mas é descoberta.

Agora vou chegar onde eu queria:

Ontem aconteceu um caso inédito pra mim. Algo que me deixou sem graça, mas ao mesmo tempo com raiva. EU DESCOBRI UMA MENTIRA! – sem querer.

Eu estava conversando com um amigo na calçada de casa quando ele soltou uma mentira besta, sobre outro amigo meu. Eu acreditei, claro, pois como era besteira, não poderia passar despercebido e nem imaginaria que poderia ser inventada. Continuamos a conversar e esse outro amigo chegou e conversamos os três. Então, olhei pra esse meu amigo e disse o que o outro tinha acabado de me passar, mas sem dizer que foi ele que tinha me dito. Esse meu amigo negou, disse que essa pessoa que tinha me contado estava muito mal informada e tal... Sem graça, olhei para a cara do meu amigo que tinha me soltado essa mentirinha e falei meio sarcástico “pois é!”. Depois que vim perceber que enquanto o meu amigo estava falando ele ficou com uma cara meio aperreada, pensando que eu ia falar o nome dele, mas eu fiquei só na minha quando percebi que tudo que ele tinha me falado era mentira.

Vou melhorar a situação pra ser entendida melhor:

Eu estava conversando com o AA na calçada de casa quando ele soltou uma mentira besta sobre outro amigo meu, o AB. Eu acreditei, claro, pois como era besteira, não poderia passar despercebido e nem imaginaria que pudesse ser inventada. Continuei a conversar com o AA quando o AB chegou e nós três continuamos o papo. Então, olhei pro AB e disse o que o AA tinha acabado de me dizer, mas sem dizer que ele que tinha me dito. O AB negou a história, disse que a pessoa que tinha me contado a história (no caso o AA) estava muito mal informada. Sem graça, olhei pra cara do AA e falei meio sarcástico “pois é!”. Só depois que fui perceber que enquanto o AB estava falando, desmentindo a mentira, o AA ficou com uma cara meio aperreada, pensando que eu ia falar o nome dele, mas fiquei só na minha quando percebi que tudo que ele tinha acabado de me contar era mentira.

Continuei a agir normal conversando com ambos, mas o meu pensamento não parava de pensar no por que ele tinha falado uma mentirinha besta daquelas, quando ele poderia muito bem ter falado a verdade ou ter se calado. Me subiu uma raiva, um desgosto, sei lá. Acho que quando a pessoa não tem assunto em uma roda de amigo, é melhor ficar calado mesmo ou esperar puxarem assunto, e não mentir pra poder começar um diálogo.

Fiquei com isso na minha cabeça o resto da noite. Isso me trás desconfiança, faz com que eu fique com um pé atrás em relação à confiança dele. Vou aprendendo com o caráter das pessoas.

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