segunda-feira, 4 de outubro de 2010

ELEIÇÕES

Estou morto neste exato momento. O dia foi puxado.

Ontem tivemos uma reunião com o Filho do deputado Bacelar, o Bacelar Filho. Eu saí de casa para encontrar o povo, mas acabei sabendo que haveria essa reunião. Eu não sabia o porquê e pra que essa reunião, mas fui lá para colaborar.

Estávamos procurando um lugar para a reunião e para fazermos uma boquinha. Na verdade eu estava pobrinho, mas como amigo é pra essas horas, o Pontinho (Dalton) ia me ajudar.

Sem muito sucesso, ao chegar à Padaria Moderna, sentamos e nos acomodamos. Eu estava observando quando o Fernando estava me dizendo, de longe, algo que eu não entendia. Eu sempre com aquele ponto de interrogação, mesmo ele dizendo umas mil vezes, me toquei após ter feito a leitura labial “encerrou”. Isso mesmo, no momento em que entramos, eles já estávamos fechando. Discretamente, saímos e seguimos para outro lugar.

O Vitor estava louco, estava do mesmo jeito quando fazíamos o terceiro ano , ficávamos loucos a procura de dinheiro pra nossa formatura. Nisso, ele gritava, reclamava e acabava se esquecendo de pensar. Ele dizia que naquele momento não tinha nenhum lugar aberto, mas eu me lembrei de um, o Point da Pizza. Então, subimos as escadas, arrumamos as mesas e esperamos o Filho chegar.

Estávamos com a intensão de pagarmos as nossas pizzas, mas como o Filho chegou, se manifestou e quis pagar. Então, tá, né? E olha que era muitas bocas na mesa. Ele, após ter feito o pedido, começou o seu discurso e a pedir, não diretamente, os votos para o seu pai. Nisso, conversa vai, conversa vem, as pizzas chegam. Fomos servidos e todos, calados, comemos tranquilos.

Após todos terem terminado, sobrou uma fatia. Fiquei querendo muito devorar ela, não porque estava com fome, mas por eu gostar muito de pizza, mas por educação, esperei não aceitarem ou perguntarem quem queria. Logo, o Filho olhou para todos e perguntou quem queria. Todos “satisfeitos” (entre aspas mesmo, pois quando veio a segunda rodada todo mundo devorou) viraram-se a mim. Todos arregalaram os olhos para cima de mim e falaram, quase em coro o meu nome. Nossa, que mico. Eu fiquei com muita vergonha, mas mesmo assim não dispensei a pizza.

Na segunda rodada, aconteceu a mesma coisa, mas dessa vez eu que pedi para pegarem e não esperei que me oferecessem. Ele foi ao banheiro e eu aproveitei a tal “pizza picante”, que na verdade de picante só tinha o nome mesmo.

A reunião demorou acho que mais de uma hora e foi muito proveitosa.

Hoje, pela tarde, fui fazer meu papel de cidadão, mesmo não gostando. Eu nunca fui fã de política, mas confesso que a urna eletrônica é atraente.

Ao chegar à escola e à minha seção, demorei um pouquinho pra votar. Por quê? Vou contar agora: Na minha frente, estava um senhor, ele não era um velhinho, mas sentia que ele não era muito entendido, isso é se vocês estão me entendendo. Ele entregou seus documentos, fez tudo certinho e foi em direção à urna. Mas quando ele chegou lá, cadê o barulhinho de quando é pressionada a tecla confirma? Ele, sem saber o que fazer, olhou para uma menina que trabalhava na porta da sala e pediu para que ela o ajudasse, mas ela disse que não poderia. Ele, então, foi à mesa onde verificavam os seus documentos e disse: “Ei, é que eu queria só votar em presidente”. E a mulher, espantada, já porque ele não conseguia sair do local, disse: “Não, seu José, seria bom se você votasse em todos. Você não trouxe a colinha não?”. E ele: “Trouxe, mas é que eu esqueci os meus óculos em casa e eu estou vendo tudo embaçado!”. A mulher ficou aperreada demais, com uma cara de “o que eu posso fazer?”. Ela perguntou se ele morava na cidade mesmo e se ele tinha vindo com alguém, alguma criança que pudesse o ajudar. Ele respondeu que não. No silêncio, vendo a cara de preocupado de todos, inclusive da mulher que conversava com ele, veio um anjo de Deus que emprestou uns óculos pra ele. Com isso, em disparada, o senhor votou tudo certinho. Depois disso, vi a cara de alivio em todos que estavam preocupados e sorrimos uns para os outros.

Depois dele fui eu e deu tudo certinho. Mas nem foi tão excitante como da primeira vez. Foi uma votação sem que o meu coração estivesse pulando, eu estivesse tremendo, foi uma coisa supernormal e rápida.

Hoje à noite saí com a turma, fui lanchar com todos e foi um pouco divertido. Eu acabei, em vez de ficar alegre, ficando triste. Sem paciência de conversar, saí de pressa pra casa. Não vou contar o porquê, mas meu coração está confuso, sofrendo e esperando que um dia algo aconteça.

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