quarta-feira, 23 de novembro de 2016

O DIA EM QUE VOEI DE PARAPENTE #1

Desde quando comecei a trabalhar, na ausência de amigos para celebrar a data do meu aniversário, procurei me dar algo para compensar essa tristeza. No ano passado, aproveitando que tirei férias em agosto, me dei de presente um desafio: sair do nordeste, sozinho e de avião. Tudo pela primeira vez - inclusive, já comecei contando aqui.

E este ano não foi diferente. Após economizar o máximo, mesmo sabendo que não iria gastar muito, resolvi que iria me dar um presente um tanto quanto radical.

Mais ou menos uma semana antes da data exata do meu aniversário, pedi folga para a minha chefe, que até brincou dizendo que "isso tudo é só pra não aparecer com o bolo", e me mandei no dia anterior, às 18h, para Teresina Timon. Como queria economizar, preferi ficar logo em Timon do que ir em Teresina e depois voltar, já que o ônibus para  Tianguá - CE sairia às 21h e pouquinho...

Como cheguei em Timon um pouquinho antes das 20h, liguei para uma amiga que fazia muito tempo que não a via e fui ao encontro dela. Conversamos muito e até lanchamos por insistência dela, pois não queria que eu viajasse apenas a base de água que já estava visível no bolso externo da mochila.

Às 21h, muito aperreado, peguei o primeiro moto-táxi que vi e voltei para a rodoviária. Fiquei sentado próximo de onde os ônibus desembarcam e embarcam pessoas, mas... Deu 21h30, 22h, 23h e nada desse ônibus chegar. Já fiquei preocupando achando que ele poderia ter se adiantado, mas fiquei calmo quando chegou, quase 00h. O bom de tudo foi que li várias páginas de um livro que ganhei antecipado do Pedro, onde a leitura era bem instigante e fazia o tempo passar mais rápido. O chato era que do meu lado havia um casal de senhores brigando por bens de família e comparando filhos do casamento anterior. Como não consigo me concentrar em nada com barulho, tive que voltar vários parágrafos por conta disso.

Enfim, após minutos de espera para o motorista autorizar a entrada dos passageiros, mostrando a passagem e a identidade, claro, entrei no ônibus. Para a minha sorte (!?), tinha uma senhora sentada e dormindo na minha poltrona. Eu não sabia o que fazer! Pelo movimento de pessoas entrando e fazendo barulho colocando as bagagens na parte superior do ônibus ela acordou e me perguntou se minha poltrona era a que ela estava. Logo, saiu e sentei...

E foi aí que o meu dia, literalmente, começou. 😀

Já era cinco de agosto e os meus pensamentos fluíam naquela escuridão. Fiz muitas reflexões naquele pouco tempo de silêncio, enquanto tentava me livrar do frio com uma camisa grossa que minha amiga havia emprestado, ainda mostrando insistência e preocupação. Pensei no quanto amadureci, no quanto fui perdendo meus medos e me desafiando a ser uma pessoa melhor... Foi uma reflexão que me deixou bem emocionado.

A viagem estava sendo bem longa, bem longa mesmo. As paradas nas cidades duravam a eternidade. Como eu não podia ler, já que o ônibus mexia demais; não podia escutar música, já que os fones acabei esquecendo dentro da mochila, resolvi fechar os olhos e tentar dormir. Quem disse? Um senhor atrás de mim roncava tão alto que às vezes me assustava. Que raiva!

Umas 3h e pouco chegamos, enfim, na rodoviária de Tianguá - CE. Pedro já estava lá me aguardando de mochila nas costas e com os braços cruzados. Fiquei super feliz em ter visto ele, já sorrindo, me dando um abraço demorado e me desejando as melhores felicitações. Foi tão bom isso! Ele é um verdadeiro amigo que quero levar pra sempre. Após, pegamos um táxi sem dificuldade, pois sempre somos abordados por e fomos direto subir serra, no Sítio do Bosco.

No caminho, dentro do táxi, retirei o celular do modo avião que havia colocado para economizar bateria e chequei as mensagens do whatsapp. Vários áudios engraçados, vídeos e fotos feito montagem. Claro, enquanto podia, respondi cada um com o mesmo carinho que haviam enviado. A gente realmente sabe as pessoas que são sinceras com as palavras. Por conta disso, a cada mensagem de carinho que lia, eu ficava mais feliz.

Chegamos na entrada do sítio, pagamos o táxi, fizemos o check-in, escolhemos o lugar das nossas barracas - sempre próximas da pista de pouso, como na primeira vez que fui - e... apagamos! 💤

CONTINUA...

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